A escola de Arapoanga,
na tradicional Planaltina,
a cada ano que venho
uma coisa nova me ensina:
que o amor pela leitura
é do saber uma mina.
São professores danados,
teimosos como ninguém:
Zineuda, Amélia e Jordenius
nunca cederam ao desdém
de quem ignora o valor
que a poesia tem.
Numa cidade erguida
sobre a vermelha poeira,
com telhas improvisadas
porque a chuva é passageira,
uma escola bem pequena
é a esperança derradeira
Dos deserdados da terra
de emprego e de canção,
que numa escola de verdade
buscam a última remissão
de superar as misérias,
por meio da educação.
Uma escola onde tudo
era para dar errado
juntaram-se mais professores
como brotando do cerrado,
entusiasmados de fato
para transformar esse fado.
No Cefa de Arapoanga
mais que ensino, alegria
brota em cada sala,
onde pensar é mania
para espantar o mau agouro
da falsa democracia.
Porque no Reino de Arapoanga
democracia não é só votar,
é ler e escrever uma carta,
um livro, um blogue, um jornal;
é mergulhar no Brasil
e em sua cultura popular.
Aqui, no Café com Letrras,
em sua oitava jornada,
quem nunca viu, venha ver,
esse café é uma parada:
onde se sorve a leitura
pelas mãos de estranha fada,
Pelo chapéu de um saci
ou pelo rastro da Iara,
pelos versos de cantoria,
onde a imaginação não para,
pois é sempre reforçada
pela coragem mais rara.
A coragem que é da fé,
da cabeça ao coração,
feita de camaradagem
e também de emoção.
Viva o Cefa Arapoanga,
que reescreve a educação.
(Que venha de lá o café,
venha o suco, o leite, o p ão.
Venha também o abraço
que alimenta a afeição.
E venham teatro e poesia
que dão alma à educação)
João Bosco Bezerra Bonfim, em 1 de julho de 2009