terça-feira, 15 de setembro de 2009

Chegou o Soldadinho de Chumbo

Guapo Soldadinho de Chumbo
pelos Correios em seu rumo
com xilo brilhante
verniz saltitante:
bem no alvo, Editora Prumo!

Vingança circences

O CorreioBraziliense
faz a vinguança circense:
Arruda, o painel;
Sarney, o papel.
Violações secretas, nem pense!

limerique do pressal

Essa história do pressal
cheira a crime ambiental:
o fóssil em questão
é o dino de então:
um morticínio animal!

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O cordel é a chama alegre da cultura brasileira

Na Primavera dos Livros, da LIBRE

2009,

Poesia e Cordel, o brincar de rimas

Minha colega de ofício,

meu amigo professor:

venho falar de uma arte,

um verdadeiro primor

que é o cordel nordestino,

obra de grande valor.


Há mais de cem anos luta

o cordel deste País

para levar a mensagem

da cultura de raiz,

porém ouvidos se negam

a ouvir o que o cordel diz.


A rima desse cordel,

coisa de muita valia,

conta histórias de assombro

e também de valentia

e defende o oprimido

das garras da tirania.


Essa arte milenar,

herdada do europeu,

embrenhou-se no sertão,

mas não desapareceu,

ressurge de vez em quando,

e ocupa o lugar que é seu.


O cordel vivo é a casa

da cultura do lugar,

Pernambuco, Rio, Bahia,

Alagoas, Ceará,

mas hoje aqui em São Paulo

é que vamos celebrar.


E se algum diz que não serve

para a cultura escolar,

criticando seus autores,

vendo mal seu linguajar,

lhe digo que é preconceito,

ignorância cavalar.


O cordel conta a história

que é do gosto popular

e se esse gosto do povo

na escola não tem lugar,

é melhor trocar de povo,

ir ensinar em outro lugar.


Usar o cordel na escola,

é ato de cidadania

recheado que é de histórias,

de aventura e poesia

e de quebra ainda ensina

ciência e mitologia.


Sim, porque o cantador

ou poeta de bancada

antes de ir pro papel

dá uma boa estudada,

depois, com muita emoção,

fica a história temperada.


Disseram que pra vencer

nessa globalização

precisa aprender inglês,

coreano e alemão.

Por que é que não se ensina

a linguagem do sertão?


Nessa linguagem se encontra

um destemido vaqueiro,

vestindo o seu gibão,

guarda-peito e perneira,

a perseguir barbatões

rompendo na catingueira.


Quem critica o bom cordel,

sem conhecer, faz besteira,

não sabe que é o alimento

da alma mais brasileira,

a fruta mais saborosa

nas barraquinhas de feira.


O cordel é o vírus bom

por ser tão contagiante.

Basta se ler uma vez,

para prosseguir adiante,

e dessa arte do verso

se tornar logo um amante.


Mas eu sei que o professor

que ainda não usa o cordel

não é por preconceito

contra qualquer menestrel,

pois com uma boa oficina,

eleva o folheto ao ceú.


E aqueles alunos que

entram no mundo letrado

precisam de um diálogo

com o seu mundo falado,

pois é escrito para ser lido,

e em voz alta aclamado.


Sabmeos que a concorrência

no mundo é bem desigual

com filme, música e livro

do estrangeiro imperial

relegando o cordel

para o fundo do quintal.


E quando falo cordel,

falo também do repente,

do rap e do hip hop

e o partido alto, excelente,

falo de coco e embolada

que alegram bem a gente.


Toda forma de poesia

é uma celebração

da beleza desta língua,

com razão e emoção,

pois a vida sem um verso

é baião de dois sem feijão.


Mas, felizmente, hoje em dia,

há outra mentalidade,

com a edição de cordéis

prova de sua qualidade,

além de ser estudado

em muita universidade.


Professor, meu bom amigo,

vou terminar esta fala,

pedindo, encarecido:

leve o cordel pra sala

que vai ganhar é o Brasil,

com essa arte que não cala.