quinta-feira, 16 de abril de 2009

A palavra de Emily Dickinson, pela tradução de Augusto de Campos

I

There is a word
Which bears a sword
Can pierce an armed man --
It hurls its barbed syllables
And is mute again --
But where it fell
The saved will tell
On patriotic day,
Some epauletted Brother
Gave his breath away.

Wherever runs the breathless sun –
Wherever roams the day –
There is its noiseless onset –
There is its victory!
Behold the keenest marksman!
The most accomplished shot!
Time's sublimest target
Is a soul "forgot!" I

Uma palavra se abre
Como um sabre –
Pode ferir homens armados
Com sílabas de farpa
Depois se cala –
Mas onde ela caiu
Quem se salvou dirá
No dia de desfile
Que algum Irmão de armas
Parou de respirar

Aonde vá o sol sem ar –
Por onde vague o dia –
Lá está esse assalto mudo
Lá, a sua vitória!
Observa o atirador arguto!
O tiro mais perfeito!
O alvo do Tempo
O mais sublime
É um ser “ignoto”!
Dickinson, Emily, 1830–1886. Emily Dicinson: não sou ninguém. Tradução de Augusto de Campos. Campinas, Ed. da Unicamp, 2008